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Martiniano Eliseu do Bonfim (1859-1943), também conhecido como Ojé L’adê, foi o grande precursor do retorno às raízes africanas e da busca de elementos capazes de fortificar as práticas religiosas dos negros ex-escravos.
Considerado o último babalawo do Brasil.
O professor Júlio Braga analisa como esse processo de re-africanização da religião afro-brasileira na Bahia termina por reforçar o conceito de "pureza nagô" e alimentar o prestígio dos candomblés do povo de ketu, da nação iorubá.
"O redescobrimento da África acontece inicialmente com Martiniano Eliseu do Bonfim que vai em direção aos yorubas da Nigéria, com quem conviveu durante 11 anos", destaca no livro Na gamela do feitiço - repressão e resistência nos candomblés da Bahia.
Tendo por volta dos 14 anos de idade (aproximadamente em 1875), Martiniano do Bonfim faz uma viagem com o pai à África e aí aperfeiçoa seu yoruba e inglês, que aprende numa escola de missionários ingleses. Quando volta ao Brasil, 11 anos depois, Martiniano já é um Babalawo.
"As leituras de Martiniano em Lagos sobre as tradições yorubás, além de vasto corpo de tradição oral, que sem dúvida se familiarizara, é que lhe permitiram recriar os títulos de Obá de Xangô", conclui Braga.
Com a dispersão ocasionada pelo tráfico de escravos na África, diversos cultos praticamente desaparecem em seus locais de origem.
Em 1886, o Ketu foi completamente destruído pelas guerras contra Abomei e o culto ao Orixá Oxóssi, tão importante na Bahia, tornou-se aí praticamente esquecido.
Um comentário de Pierre Verger, citado por Mestre Didi, no livro Axé Opô Afonjá, dá conta da surpresa do rei de Osogbo ao presenciar um ritual para Oxum no Opó Afonjá.
Ele "se mostrou impressionado pelo profundo conhecimento que ainda se tem na Bahia dos detalhes do ritual do culto àquela divindade", conta.
O próprio título de Iyá Nassô de Mãe Senhora "é um posto destinado em Oyo, à sacerdotisa encarregada do culto a Xangô, no interior do palácio do Alaafin de Oyo", completa Mestre Didi, que é filho carnal de Mãe Senhora.
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