domingo, 3 de abril de 2011

Agenor Miranda (Candomblé)

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Agenor Miranda Rocha, o Pai Agenor, (Luanda, Angola, 8 de setembro de 1907 — Rio de Janeiro, 17 de julho de 2004) foi um babalaô da Religião dos Orixás Candomblé.
Foi iniciado na cidade do Rio de Janeiro, em tenra idade, para o orixá Euá (Iyewá) pelo africano Alagbedé e posteriormente, ainda na infância para Oxalá por Mãe Aninha,Iya Obá Biyi Iyalorixá fundadora dos terreiros Axé Opô Afonjá de Salvador e do Rio de Janeiro cujo primeiro endenreço era na chamada "Pedra do Sal". Hoje o Opô Afonjá do Rio se localiza em Coelho da Rocha.
O Professor Agenor, como era conhecido, foi professor catedrático aposentado do Colégio Pedro II, nas cadeiras de matemática e latim, cantor lírico (seguindo os passos de sua mãe, o soprano Zulmira Miranda e babalaô adivinho na referida tradição religiosa candomblé, um dos ocidentais mais conhecedores de a herança e a Cultura afro-brasileira, além de talvez uma das mais respeitadas personalidades religiosas por todas as lideranças de tradicionais terreiros do Brasil. 
Foi o jogo de búzios (meridilogun)do Prof. Agenor que decidiu a sucessão de importantes terreiros: 
Mãe Oké e Mãe Tatá, na Casa Branca do Engenho Velho; 
Mãe Stella, no Axé Opô Afonjá; 
Mãe Índia, no Terreiro do Bogun (o último grande jogo de sucessão antes do falecimento do professor). Agenor Miranda também foi poeta e musicista.
 Seu jogo de búzios foi um dos mais procurados do país. 
O velho professor foi orientador espiritual e conselheiro de personalidades de diferentes procedências religiosas e de muitos babalorixás, a exemplo do Babá Augusto César de Logunedé.
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Documentário: um vento sagrado
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Foi publicada no Jornal Diário de São Paulo a matéria .
O zelador dos orixás na tela, feita pelo jornalista Marcos Pinho - Um Vento Sagrado, do diretor e artista plástico baiano Walter Lima, o trabalho conta a história de Pai Agenor, um dos mais importantes nomes do candomblé no país.
 O trabalho de pesquisa consumiu mais de três anos de viagens, pesquisas e gravações no Rio de Janeiro,Salvador, São Paulo e Roma.
O filme (Brasil, 2001, 93 min.), mostra Pai Agenor em sua casa no Engenho Novo, subúrbio do Rio de Janeiro, onde figuram desde imagens de São Francisco e Buda até de Oxalá e outras 
divindades do candomblé. 
É no local que ele recebe visitantes em busca de aconselhamento e joga búzios.
Suas declarações são desconcertantes. 
“A força do candomblé está no sangue verde das plantas e não no sangue vermelho dos animais”, comenta para condenar os sacrifícios em cultos.
Professor aposentado, poeta, ensaísta, cantor de ópera e de fado, Pai Agenor é um homem múltiplo e incomum. 
“Ele é talvez a última das grandes figuras do candomblé”, afirma Gilberto Gil. 
O retrato pintado por Walter Lima é o de um ser de personalidade instigante cujas opiniões são sempre respeitadas. 
Até hoje ele é convocado para escolher a mãe-de-santo nos grandes terreiros baianos.
A fita mostra ainda o biografado sendo recebido pelo Papa em Roma e inclui poemas nas vozes de atores como Alessandra Negrini, Ingrid Guimarães e Camila Amado, além da narração de Othon Bastos.
Amante da música, talvez por influência de sua mãe, a fadista portuguesa Zulmira Miranda, cuja história está registrada na Casa do Fado e da guitarra portuguesa, Agenor fez uma incursão como cantor no mundo da música.
 Há alguns anos foram recuperadas algumas de suas antigas gravações e hoje circula nas mãos de seus amigos e admiradores cds onde ele canta fados, canções italianas e músicas clássicas.
Amante da poesia e teve dois livros publicados ainda em vida, "Poemas Infantis", em 1999, e "Oferenda - como a flor que se oculta entre as folhas", em 1998, pela Editora Sete Letras, traduzido na Espanha e editado pela Algorán Poesia, em 2001.
Seus poemas foram muito bem recebidos por serem, além de belos, expressão de um grande conhecimento também nesta arte. 
Tinha muitos amigos e admiradores, muitos alunos, e para todos estes deixou ainda o livro "Caderno de Português", em 2000, escrito logo após uma intervenção cirúrgica bastante séria.
Faleceu em 2004, vitimado principalmente pelo agravamento de um simples caso infeccioso, uma vez que não conseguiu ser tratado a tempo em condições necessárias. 
Deixou muitos amigos e filhos em todas as partes do Brasil e no exterior, todos saudosos e consternados, principalmente por não terem podido ajudá-lo e intervir para que pudesse completar com "saúde e paz", como gostava de dizer, os seus almejados 100 anos de existência, que será,lembrado e comemorado por toda parte, com devoção, no 8 de setembro de 2007.
Dentre as homenagens que recebeu está a Medalha Pedro Ernesto, no Rio de Janeiro.
Sobre ele há uma primorosa biografia: "Um vento sagrado", editado pela Editora Mauad e de autoria de Muniz Sodré e Luis Filipe de Lima.
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Livros
Caminhos de Odu, Pallas, 1999 - 
As Nações Kêtu, 
Desenredos, 
Biografia: Pai Agenor - Diógenes Rebouças Filho 
(Coleção Passagens da Memória, vol.1 / 1997)
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Fonte de Pesquisa:

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