domingo, 3 de abril de 2011

Candomblé da Barroquinha

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O Ilè Asé Airá Intilè, também conhecido como Candomblé da Barroquinha, localizava-se em Salvador, no estado da Bahia, no Brasil.
De acordo com as lendas contadas pelos mais velhos, algumas princesas vindas de Oyó e Ketu na condição de escravas, fundaram um terreiro num engenho de cana. 
Posteriormente, passaram a reunir-se num local denominado Barroquinha em Salvador, onde fundaram uma comunidade de Jeje-Nagô pretextando a construção e manutenção da primitiva Capela da Confraria de Nossa Senhora da Barroquinha, atual Igreja de Nossa Senhora da Barroquinha que, segundo historiadores, efetivamente conta com cerca de três séculos de existência.
Sabe-se que esta comunidade foi fundada por três africanas cujos nomes são Adetá ou (Iyá Detá), Iyá Kalá, Iyá Nassô e os babalawos Babá Assiká e Bangboshê Obitikô. 
Não se tem certeza de quem plantou o Axé, porém a Casa Branca do Engenho Velho local para onde foi transferida, se chama Ilé Iya Nassô Oká.
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História
O lendário Candomblé da Barroquinha é cercado de mistérios e histórias sobre sua origem e também de suas fundadoras Iya Nassô, Kala e Adeta. 
Várias são as pesquisas a cerca deste tema com intuito de desvendar esta obscura história da origem do Candomblé de Ketu na Bahia.
Sabe-se que do final do século XVIII em diante muitos foram os negros escravizados na Costa da Mina (atual Benin, Nigeria, Togo e Guiné) e trazidos para Bahia, chegando em determinada época este escravos vindos desta região a representar 77% da população africana na Bahia em especial os Iorubas Nagos (Ketu, Oyo, Save entre outros locais).
Sabe-se comprovadamente que estes negros (nagos) se faziam representar através da Irmandade dos Martirios, que mais tarde veio a servir de fachada para os cultos aos Orixás. 
Num primeiro momento esta Irmandade por razão naõ esclarecida sai do anexo da Irmandade do Rosário dos Pretos e fixa-se na Igreja da Barroquinha até então uma Confraria de homens brancos de menor condição, mais tarde arrendam o terreno nos fundos da Igreja e passam a se tornar com a filiação do Conde dos Arcos (governador-geral na época) uma Irmandade importante e influente ja que este abre espaço para que outros brancos influentes também passem a ser membros de honra da Irmandade dos Martirios.
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Durante este período Salvador, vive um momento de franca expansão economica, fazendo parte desta expasão muitos negros nagos ja libertos, que na maioria, talvez devido a Irmandade residiam na Barroquinha bairro na época muito próximo do Centro do Poder Político e Religioso, porem era uma área pantanosa, e desvalorizada. Considerando varias pesquisas fundamentadas em Verger, Costa Lima, Nina Rodrigues e inúmeros documentos oficiais da época, sabe-se que aos arredores de Salvador ja existiam libertos que cultuavam em suas casas seu Ancestral Divinizado o Orixá, isso nos permite apontar a hipótese de que naturalmente a região da Barroquinha, reduto de Nagos libertos, possuia aqueles que também tinham em suas casas seu culto ao seu Orixá, sendo 3 senhoras residentes daquelas imediaçoes muito conhecidas talvez por serem estas as primeiras a cultuar seus Orixás, ou também por serem membros de famílias reais, tais como a Aro que deu origem a o Terreiro do Alaketu, ou tinham títulos e posiçoes importantes na Terra Mãe (África).
Estas senhoras Iya Adeta, Kala e Nassô que considerando a pesquisa de Lisa Earl Castilho residia na freguisia do Carmo deviam possuir assentamentos em suas próprias casas, compartilhando apenas o salão anexo da Igreja da Barroquinha para festividades aos seus Orixás.
 Só mais tarde já na Casa Branca Iya Kala e Deta tenham com Obatossi dividido o mesmo espaço fisico para também seus assentamentos dando origem ao Candomblé que conhecemos hoje.
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Segundo Lisa Earl Castilho Iya Nassô, não teria retornado a Bahia. Mas Marcelina (Obatossi) sua escrava liberta, filha espiritual segundo a pesquisadora e prima segundo Mãe Senhora, teria voltado algusn anos depois assumindo o culto a Xangô,ja bem mais próxima da Barroquinha e mantendo boas relações com as outras Iyas, inclusive no uso do salão da Barroquinha.
Porém ja no fim do Século XIX o governador-geral da época decide explusar os nagos da região da Barroquinha promovendo segundo ele a modernização da cidade, isso levou a expulsão total dos africanos e ai podemos crer inclusive as Iyas, que podem ter costurado juntas a fundação do Terreiro da Casa Branca, chegando a um entendimento a respeito da posição das divindades cultuadas. 
Pois naquela época os Orixás assim como na África eram cultuados individulamente por familias, cidades, estados etc sobre nomes diferentes, que no Brasil ganharam status de qualidades, agrupadas sobre um mesmo nome. 
Não se sabe quais critérios definram isso. 
Da origem do Candomblé de Ketu, sabe-se que Aira era uma divindade do trovão assim como Xangô porem da cidade de Savé e possivelmente era cultuado por Iya Adeta ou Akala, não pode-se definir, já que nada ficou sobre elas além do que se diz nos terreiros descendentes. 
Odé ou Oxóssi era o Orixá da família Real Aro, uma das nove dinastinas de Ketu que teve alguns membros escravizados na Bahia, este segundo pesquisadores teria sido o primeiro Orixá a ter assentamento em terras baianas e a ter culto na então Barroquinha por uma das Iyas Akala ou Adeta, levando em consideração que na África daquele tempo os caçadores tinham muito prestigio inclusive de ser considerado o senhor da terra, ja que este era o desbravador das novas terras.
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No político acordo da fundação da Casa Branca ele tenha tido primazia em ser o senhor da terra no famoso terreiro a ser fundado, ja Aira e Xangô dadas as similariedades, ambos deuses do trovão tenham sido os primeiros Orixás a ser grupados sobre uma mesma identidade, ficando Aira como senhor da casa em respeito a ser este mais velho do que Xangô.
Todos estes fatos mostram que o Candomblé da Barroquinha não era o que conhecemos por Candomblé hoje, era naqueles tempos um termo para se referir a festas promovidas pelos nagos, que a faziam no então salão anexo da Igreja sob o sincretismo. 
Os assentamentos, existiam em locais distintos nas casas de seus devotos, somente mais tarde é que veio a se formar o que conhecemos hoje por Candomblé, um único para espaço para diversas divindades agrupadas por um mesmo nome. 
De qualquer forma foi apartir daquela região pelas mãos destas três ilustres e lendárias figuras que nasceu o Candomblé de ketu na Bahia.
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Fonte de Pesquisa:

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