sábado, 16 de abril de 2011

Difusão do Budismo

*
Estátua de Buda no Templo Mahabodhi, em Bodh Gaya, Índia.
*
Índia
A partir do seu local de nascimento no nordeste indiano, o budismo espalhou-se para outras partes do norte e para o centro da Índia. 
Durante o reinado do imperador mauria Asoka, que se converteu ao budismo e que governou uma área semelhante à da Índia contemporânea (com excepção do sul), essa religião consolidou-se. 
Após ter conquistado a região de Kalinga pela força, Asoka decidiu que a partir de então governaria com base nos preceitos budistas. 
O imperador ordenou a construção de hospedarias para os viajantes e que fosse proporcionado tratamento médico não só aos humanos, mas também aos animais. 
O rei aboliu também a tortura e provavelmente a pena de morte. 
A caça, desporto tradicional dos reis, foi substituída pela peregrinação a locais budistas. 
Apesar de ter favorecido o budismo, Asoka revelou-se também tolerante para com o hinduísmo e o jainismo.
Asoka pretendeu também divulgar o budismo pelo mundo, como revelam os seus éditos. 
Segundo estes, foram enviados emissários com destino à Síria, Egipto e Macedónia (embora não se saiba se chegaram aos seus destinos) e para o oriente, para um terra de nome Suvarnabhumi (Terra do Ouro) que não se conseguiu identificar com segurança.
O império mauria chegou ao fim em finais do século II a.C.. 
A Índia foi então dominada pelas dinastia locais dos Sunga (c.185-173 a.C.) e dos Kanva (c.73-25 a.C.), que perseguiram o budismo, embora este conseguisse prevalecer. 
Perto do início da era actual, o noroeste da Índia foi invadido pelos citas, que formariam a dinastia dos Kuchans. 
Um dos mais importantes reis desta dinastia, Kanishka (c. 127-147), foi um grande proselitista do budismo.
Durante a era da dinastia Gupta (320-540), os monarcas favorecem o budismo, mas também o hinduísmo. Em meados do século VI, os Hunos Brancos, oriundos da Ásia Central, invadem o noroeste da Índia, provocando a destruição de inúmeros mosteiros budistas. 
A partir de 750, a dinastia Pala governou no nordeste da Índia até ao século XII, apoiando os grandes centros monásticos budistas, entre os quais o de Nalanda. 
Contudo, a partir do século XII, o budismo entra num declínio definitivo devido a vários factores. 
Entre estes, encontravam-se o revivalismo hindu, que se manifestou com figuras como Adi Shankara e pelas invasões dos muçulmanos dos séculos XII e XIII.
Embora o budismo tenha passado por uma verdadeira renovação a partir de 1959, ano em que o Dalai Lama escolhe o exílio, ele parece quase ausente da Índia, a ponto de termos, muitas vezes, de seguir turistas estrangeiros para localizar os lugares santos de antigamente. 
Nesse percurso, ao longo dos séculos, o budismo suscitou desvios, heresias, seitas.
*
*
Wat Mahathat, Sukhothai, Tailândia.
*
Sri Lanka e Sudeste da Ásia
A tradição cingalesa atribui a introdução do budismo no Sri Lanka ao monge Mahinda, filho de Asoka, que teria chegado à ilha em meados do século III a.C., acompanhado por outros missionários.
 Esse grupo teria convertido ao budismo o rei Devanampiya Tissa e grande parte da nobreza local. 
O rei ordenou a construção do Mahavihara ("Grande Mosteiro" em pali) na então capital do Sri Lanka, Anuradhapura. 
O Mahavihara foi o grande centro do budismo Theravada na ilha nos séculos seguintes.
Foi no Sri Lanka que, por volta do ano 80 a.C., se redigiu o Cânone Pali, a colectânea mais antiga de textos que reflectem os ensinamentos do Buda. No século V d.C., chegou à ilha o monge Buddhaghosa que foi responsável por coligir e editar os primeiros comentários feitos ao Cânone, traduzindo-os para o pali.
Na Tailândia, o budismo lançou raízes no século VII nos reinos de Dvaravati (no sul, na região da actual Banguecoque) e de Haripunjaya (no norte, na região de Lamphun), ambos reinos da etnia Mon. 
No século XII, o povo Tai, que chegou ao território vindo do sudoeste da China, adoptou o budismo Theravada como a sua religião.
A presença do budismo na Península Malaia está atestada desde o século IV d.C., assim como nas ilhas de Java e Sumatra. 
Nessas regiões, verificou-se um sincretismo entre o budismo Mahayana e o xivaísmo, que está ainda hoje presente em locais como a ilha de Bali. 
Entre o século VII e o século IX, a dinastia budista dos Xailendra governou partes da Indonésia e a Península Malaia, tendo sido responsável pela construção do Borobodur, uma enorme stupa que é o maior monumento existente no hemisfério sul. 
O Islão chegou à Indonésia no século XIV, trazido pelos mercadores, acabando por substituir o budismo como religião dominante.
 Actualmente o budismo é principalmente praticado pela comunidade chinesa da região.
*
*
Pintura nas grutas de Bezeklik, oeste da China, retratando monges budistas.
*
A tradição atribui a introdução do budismo na China ao imperador Ming de Han (25-220 d.C.), o segundo imperador da dinastia Han do leste. 
Este imperador teve um sonho no qual viu um ser voador dourado, interpretado por seus conselheiros como uma visão do Buda. 
O imperador enviou emissários à outros países, a oeste da China, para obter informações sobre a doutrina de Buda.
Escrituas budistas teriam sido trazidas à China, nas costas de cavalos brancos, por Dharmarakṣa e Kaśyapa Mātaṅga, dois grandes monges indianos. 
Então o imperador ordenou a construção do primeiro templo budista da China, o monastério Baima, na atual cidade de Luoyang, província de Henan. 
Os monges levaram para a China 42 sutras, contendo 600.000 palavras em sânscrito.
Independentemente da tradição, o budismo só se espalhou na China nos séculos V e VI com o apoio da dinastia Wei e Tang. 
Durante este período estabelecem-se na China escolas budistas de origem indiana ao mesmo tempo em que se desenvolvem escolas próprias chinesas.
*
*
Kanji japonês para "Zen".
*
Coréia e Japão
O budismo entrou na Coreia no século IV. Nesta altura, a Coreia não era um território unificado, encontrando-se dividida em três reinos rivais: o reino de Koguryo no norte, o reino de Paekche no sudoeste e o reino de Silla no sudeste. 
Estes três reinos reconheceriam o budismo como religião oficial, tendo sido o primeiro a fazê-lo Paekche (384), seguindo-se o Koguryo (392) e Silla (528). 
Em 668, o reino de Silla unificou a Coreia sob o seu poder e o budismo conheceu uma era de desenvolvimento. 
Foi nesse período que viveu o monge Wonhyo Daisa (617-686), que tentou promover um budismo do qual fizessem parte elementos de todas as seitas. 
No século VIII, foi difundido na Coreia o budismo da escola chinesa Chan, denominado son (ou seon)em coreano e que se tornou a escola dominante. 
O budismo continuou a florescer durante a era Koryo (935-1392), até que a dinastia Li (1392-1910) favoreceu o confucionismo.
A partir da Coreia e da China, o Budismo foi introduzido no Japão em meados do século VI. Em 593, o príncipe Shotoku declarou-o como religião do Estado, mas o budismo foi até à Idade Média um movimento ligado à corte e à aristocracia sem larga adesão popular (os missionários coreanos tinham apresentado à corte japonesa o budismo como elemento de protecção nacional). 
Durante a era Nara (710-794)-Héian (794-1185), várias seitas de expressão chinesa começaram a implantar-se no Japão. 
São deste último período a escola Shingon e Tendai (Tien Tai). Durante a era Kamakura (1185-1333), o budismo populariza-se finalmente com as escolas Terra Pura, Nichiren e Zen (Chan)nas suas principais vertentes chinesas das escolas Rinzai (Linji) e Soto (Caodong).
*
*
Deus lamaísta da fortuna.
*
Tibete
No Tibete, o budismo propagou-se em dois momentos diferentes. 
O rei Srong-brtsan-sgam-po (Songtsen Gampo, c.627-c.650), influenciado pelas suas duas esposas budistas, decidiu mandar chamar ao Tibete monges indianos para ali difundirem a religião. 
Durante o reinado de Khri-srong-lde-btsan (Trisong Deutsen), construiu-se o primeiro mosteiro budista tibetano e em 747 chegou ao território o notável iogue indiano Padmasambhava, que organizou o budismo tibetano e fundou a escola hoje conhecida como Nyingma (ou "escola da tradição antiga", em relação às posteriores escolas estabelecidas por outros professores). 
Contudo, uma reacção hostil da religião indígena, o Bon, levaria ao declínio do budismo nos dois séculos seguintes.
O budismo seria reintroduzido no Tibete a partir do século XI, com a ajuda do monge indiano Atisa, que chegou ao território em 1042. 
Com o passar do tempo, formaram-se quatro escolas: Sakyapa, Kagyupa, Nyingmapa e Gelugpa. 
Em 1578, membros desta última escola converteram o mongol Altan Khan à sua doutrina. 
Alta Khan criou o título de Dalai Lama, que concedeu ao líder da escola Gelugpa. 
Em 1641, com ajuda dos mongóis, o quinto Dalai Lama derrotou o último príncipe tibetano e tornou-se o líder temporal do Tibete. 
Os seguintes dalai lamas foram na prática os governantes do Tibete até à invasão chinesa. 
O quinto dalai lama criou o cargo de Panchen-lama, que reside no mosteiro de T-shi-lhum-po e que foi visto como uma encarnação do Amitabha.
*
Fonte de Pesquisa:

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seja Bem Vindo Filhos do Vento,deixe seu comentário envolvido numa aura de pura alegria.
Volte sempre!

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...