*
Desde cedo, foi reconhecido o dom dos ciganos para a música instrumental, sobretudo o violino: Iom Voicu é cigano, como também o pianista Gyorgy Cziffra.
Mas não existe propriamente uma música cigana.
As influências sofridas foram muitas e as melodias puramente ciganas são hoje raríssimas.
Existe um estilo típico de execução, o molto rubato, que influiu sobre músicos importantes como o húngaro Franz Liszt, o alemão Johannes Brahms (ambos do século XIX) e vários outros músicos.
A influência trazida do oriente é muito forte na música e na dança cigana.
A música e a dança cigana possuem influência hindu, russa, árabe, húngara, romena e espanhola.
É especialmente desses três últimos países que são originários os músicos ciganos.
Mas a maior influência na música e na dança cigana dos últimos séculos é sem dúvida espanhola, refletida no ritmo dos ciganos espanhóis que criaram um novo estilo baseado no flamenco.
Beethoven buscou na música cigana inspiração para muitas de suas obras.
Tanto a música como a dança cigana sempre exerceram fascínio sobre grandes compositores, pintores e cineastas. Há exemplos na literatura, na poesia e na música de Georges Bizet, Manuel de Falla e Carlos Saura que mostram nas suas obras muito do mistério que envolve a arte, a cultura e a trajetória desse povo.
Tanto na península Ibérica como na América hispânica, sua contribuição às artes – especialmente música, canto e dança – foram consideráveis.
Destaca-se a esse respeito a música e a dança flamenca e o canto dos ciganos andaluzes.
No Brasil, apesar da presença dos ciganos desde o século XVI, eles têm pouca influência na música popular ou no folclore.
Aqui, a música mais tocada e dançada pelos ciganos é a música Kaldarash, própria para dançar com acompanhamento de ritmo das mãos e dos pés e sons emitidos sem significação para efeito de acompanhamento.
Essa música é repetida várias vezes enquanto as moças ciganas dançam.
Alguns outros grupos de ciganos no Brasil conservam a tradicional música e dança cigana húngara, um reflexo da música do leste europeu com toda influência do violino, que é o mais tradicional símbolo da música cigana.
Ritmos ciganos:
- o ritmo baladi que vem do Egito envolve movimentos com objetos ciganos.
Alguns movimentos envolvem lenços, facas e até mesmo garrafas de bebidas nas mãos;
- a Zapaderin, dança secreta das ciganas, que invoca o amor do cigano.
A cigana, através da dança invoca espiritualidade a sua força;
- Manouche, Sinti, Kauderashs, todos trazem sua dança e seus belíssimos ritmos que são transformados numa única experiência artística e musical, trazendo do íntimo da mulher a sensualidade, a alegria e a beleza de sua força interior.
Portanto, os ciganos possuem diferentes tipos de música para diferentes ocasiões.
Flamenco
*
O cigano radicado na Andaluzia passou a ser conhecido como flamenco na Idade Média.
Com o tempo, o termo passou a designar grande parte do folclore andaluz e das zonas vizinhas, especialmente a música e a dança.
Flamenco é a arte do canto e da dança própria dos ciganos espanhóis da Andaluzia, que se propagou a outras regiões da Espanha e tornou-se comum nas cidades mediterrâneas e grandes núcleos urbanos, como Madri e Barcelona.
Embora seja de fundo árabe, está estreitamente ligado aos ciganos, nos quais encontrou seus verdadeiros intérpretes.
A essência do flamenco é o canto, freqüentemente acompanhado de violão.
Os cantos e bailes flamencos constituem arraigada tradição do povo andaluz, que neles traduz seus momentos de alegria ou tristeza, extravazando sentimentos, sempre impregnados das idéias de amor e morte. Atualmente o flamenco encontra-se bastante comercializado, fazendo parte de espetáculos teatrais.
As origens do flamenco remontam às danças e cantos pré-cristãos do sul da península Ibérica.
Esse substrato nutriu-se das contribuições sucessivas de vários povos, especialmente árabes e judeus.
A imigração de povos ciganos no século XV foi dando contornos definitivos a essa arte, reconhecida como tal desde o século XVIII, quando as canções ganharam letra.
A partir do século XIX, os ciganos começaram a dançar e cantar profissionalmente nos cafés.
Surgiu assim a figura do guitarrista, acompanhante habitual do cantaor, nome que se dá ao vocalista.
O ritmo da dança e do sapateado é marcado por palmas, gritos de incentivo ou reprovação denominados jaleo, estalar de dedos e unhas (para os homens) e toque de castanhola (para as mulheres), todos componentes essenciais do espetáculo.
Contudo, o aproveitamento turístico dá a essas manifestações artísticas aspectos frequentemente menos genuínos do que aqueles que se encontram habitualmente nos ciganos.
Dos gêneros mais antigos do flamenco, como as nostálgicas cañas e soleares, derivaram formas mais modernas e jocosas.
A siguiriya, de raízes ancestrais, e a saeta, lamento pela paixão de Cristo, são outras modalidades do flamenco.
A partir da segunda metade do século XX, o flamenco passou a sofrer diversas influências, que as correntes tradicionais tentam evitar para não serem desvirtuadas.
O cantor José Meneses, a bailarina La Chunga e o guitarrista Manitas de Plata são artistas flamencos de destaque.
***
Por André Souza
Bibliografia:
- Enciclopédia Barsa, 1999, Rio de Janeiro – São Paulo, macropédia, volumes 1 (Andaluzia), 4 (Ciganos), 6 (Flamenco).
- Enciclopédia Mirador, 1995, Rio de Janeiro – São Paulo, volumes 5 (Cigano), 7 (Dança).
- Enciclopédia Delta Universal, Rio de Janeiro, volume 4 (Cigano).
Todos os créditos ao site abaixo:
Bom encontrar algo sobre essa cultura cigana de Andaluzia.
ResponderExcluir