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Se pensarmos numa mata, por exemplo, o que os nossos olhos vêem é que ela está “parada” no lugar, mas para que seja exuberante e grande ela está em constante expansão e mudança, num ritmo lento e gradual, sofrendo a ação da fertilidade da terra, da constância dos ventos em espalhar as sementes, na ação do sol para a fotossíntese, enfim, de parada ela não tem nada.
Mas seu “movimento” é provocado pela interação de outras forças.
Assim é a energia de Oxoce.
Um trabalho constante de surgimento, expansão, crescimento e renovação.
A vida se renovando através do trabalho em grupo conjugando infinitas forças.
Encontramos a energia do Orixá Ogum manifestando-se nas matas de Oxoce através do calor do sol, que dará força a energia vital de Oxoce no nascimento dos vegetais, na luta pela sobrevivência dos vegetais que se transformarão em grandes árvores formando a mata.
A esta manifestação específica de Ogum em relação a Oxoce, damos o nome de Ogum Rompe Mato, além
dela se apresentar também, em nível de terreiro, como Caboclo Rompe Mato ou outro nome que estaria associado ao Orixá Ogum, ou seja, manifestações de luta e bravura, determinação e tenacidade, e principalmente defesa.
Enfim, Caboclos de Oxoce em cruzamento vibratório com Ogum.
Encontramos a energia do Orixá Omulu manifestando-se nas matas de Oxoce através da própria terra de onde irão brotar os vegetais, é a própria base da mata.
Em nível de terreiro encontramos essa combinação representada através dos Caboclos Flecheiros e Bugres. Que são Caboclos mais voltados para trabalhos de descarga e desmanche de magia.
Encontramos a energia do Orixá Xangô manifestando-se nas matas de Oxoce através das pedreiras e que dão contornos e estabelecem limites na expansão da mata.
Em nível de terreiro encontramos essa combinação representada através de Caboclos que se apresentam normalmente carregando em seu nome a palavra “Pedra” ou com características mais voltadas a equilíbrio,
estudos, etc.
Muitas vezes se apresentando tanto na hora em que invocamos Oxoce ou Xangô (dependendo da orientação da Casa).
Encontramos a energia da Orixá Oxum manifestando-se nas matas de Oxoce através da água fertilizadora da terra, auxiliando na expansão e ao mesmo tempo estabelecendo limites e contornos (rios e cascatas).
Em nível de terreiro encontramos essa combinação representada através de Caboclos e Caboclas com apresentação mais “dócil”, “suave” e mais voltados para cura, manipulação de ervas, etc.
Normalmente carregam em seu nome algo do tipo Caboclo “xxx” da Cachoeira, ou Caboclo “xxx” do Rio, etc.
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Muitas vezes se apresentando tanto na hora em que invocamos Oxoce ou Oxum (novamente dependendo da orientação da Casa).
Encontramos a energia da Orixá Iemanjá manifestando-se nas matas de Oxoce próximas ao litoral, ou ainda na própria salinidade do ar, através da função provedora de bens materiais desta Iabá.
Em nível de terreiro encontramos essa combinação representada pelos Caboclos e Caboclas do Mar, da Praia, etc.
Muitas vezes se apresentando tanto na hora em que invocamos Oxoce ou Iemanjá (dependendo da orientação da Casa).
Também tem função de descarrego e imantação, manipulando desta feita, o elemento água.
Encontramos a energia da Orixá Iansã manifestando-se nas matas de Oxoce através da ação dos ventos e da chuva e da função transformadora desta Iabá. São caboclos e caboclas que também tem como especialidade descarga rápida e transformadora.
Geralmente apresentam-se com nomes do tipo Caboclo(a) Ventania, Gira Mundo, etc.
Além, é claro, da conjugação de Oxoce com Ele mesmo, que encontramos os diversos Caboclos, como Tupinambá, Pery, Pena Branca, Cobra Coral, etc.
Busquei através desses exemplos mostrar a facilidade com que os Orixás se combinam, se conjugam e se harmonizam, sem perderem suas essências, mas agregando outras, são todos Caboclos e Caboclas de Oxoce, mas que adquiriram outras características vibratórias em função das diversas combinações das forças da natureza em conseqüência da infinita harmonia da combinação e conjugação de forças dos diversos Orixás.
Uma observação importante a se fazer é que cada vez que um Orixá se desdobra por combinar-se com outro, ele absorve algumas de características do Orixá com o qual se combinou, gerando e atendendo assim outras necessidades nossas, portanto nenhum dos nomes que citei associando aos desdobramentos são “questão fechada”.
Poderemos encontrar, por exemplo, o Caboclo Cobra Coral, acima citado como um desdobramento de Oxoce dentro dele mesmo, se manifestando como um Caboclo de Xangô.
Citei os nomes visando apenas explicar as diferentes formas de apresentação e prováveis origens, mas lembro ainda, mais uma vez, que o nome em si não deve importar, mas sim a Caridade que a entidade está vindo nos prestar.
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Algumas Considerações sobre a Orixá Nanã
Consideramos Nanã a Soberana das Águas, águas originais, o início da vida, a água de mina. Conseqüentemente estando acima das demais Orixás ligadas ao elemento água, não é Orixá Básico, conseqüentemente não é Regente de Ori.
As manifestações encontradas em nível de terreiro, são manifestações de uma das três Iabás (Iemanjá, Oxum ou Iansã) em vibração mais “velha”.
Nanã é o momento inicial em que a água brota da terra ou da pedra, a partir do momento que a água corre, já é Oxum.
Portanto não compreendemos como “lama” (mistura de água com terra) mas sim como Soberana de Todas as Águas.
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Do Livro: Umbanda, Mitos e Realidade
Autor MÃE IASSAN AYPORÊ PERY
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