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A história do Budismo desenvolve-se desde século VI a.C até o presente, começando com o nascimento de Siddhartha Gautama, o Buda histórico.
Durante todo este período, a religião evoluiu à medida que encontrou diferentes países e culturas, acrescentando ao fundo indiano inicial elementos culturais oriundos do Helenismo, bem como da Ásia Central, do Sudeste asiático e Extremo Oriente.
No processo, o Budismo alcançou uma expansão territorial considerável ao ponto de influenciar de uma forma ou de outra quase todo o continente asiático.
A história do Budismo caracteriza-se também pelo desenvolvimento de vários movimentos e cismas, entre os quais se encontram as tradições Theravada, Mahayana e Vajrayana entre diversas outras.
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Príncipe Siddhartha. Gandhara, século 2-3. Musée Guimet, Paris.
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A origem do Budismo: Siddhartha Gautama
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Sidarta Gautama ou Siddhartha Gautama (em sânscrito सिद्धार्थ गौतम, transl. Siddhārtha Gautama, em páli Siddhāttha Gotama) foi um príncipe que viveu por volta de 563 a.C. até 483 a.C., no reino de Śākya — que hoje em dia seria parte da fronteira do Nepal com a Índia.
Gautama era seu nome de família, que significa "a melhor vaca", e Siddhartha é uma junção do sânscrito Siddhi ("realização", "completude", "sucesso", "liquidação de um débito") e Artha ("alvo", "propósito", "meta").
Pode ser traduzido como "Aquele cujos objetivos são alcançados" ou ainda "Aquele que cumpriu a meta a que se propôs (na sua vida)".
Tendo levado uma vida pautada pelo luxo sob a protecção do seu pai, o rei de Kapilavastu (território mais tarde integrado no Império Magadha), Siddharta casou-se ainda jovem com Yassodhara, com quem teve um filho que foi chamado Rāhula ("obstáculo", em sânscrito).
No entanto Siddharta tomando conhecimento das realidades do mundo, concluiu que a vida é sofrimento e aos 29 anos, decidiu deixar a vida palaciana para viver como um asceta na floresta.
Praticou meditação e severas austeridades por 6 anos até que, aos 35 anos de idade, teve uma experiência religiosa à qual deu o nome de iluminação.
A partir daí passou a ser conhecido como o Buda (Buddha, título honorífico em sânscrito que significa "Aquele que sabe", ou "Aquele que despertou"), mais especificamente como Buddha Śākyamuni ("o sábio dos Śākya").
Viveu até os 80 anos de idade, transmitindo seus ensinamentos e conquistando uma grande legião de discípulos, monges ou leigos (sem ordenação monástica).
Gautama foi contemporâneo de Mahavira com o qual, segundo fontes religiosas e históricas, travou alguns diálogos como opositores.
A sua relutância em nomear um sucessor ou em formalizar a sua doutrina levaria à formação de vários movimentos nos quatrocentros anos seguintes.
Em primeiro lugar surgiriam as escolas do Budismo Nikaya, das quais só sobreviveu o Theravada, e mais tarde o Mahayana.
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Siddharta como asceta. Gandhara, século 2-3. Museu Britânico.
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O Budismo primitivo
Antes do patrocínio real de Asoka, o budismo parece ter sido um fenómeno marginal, pouco se conhecendo dos seus primeiros tempos. Dois importantes concílios tiveram lugar, embora o que saiba deles baseie-se em fontes posteriores.
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O Primeiro Concílio Budista (século V a.C.)
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O primeiro concílio budista ocorreu em Rajagriha pouco tempo depois da morte de Buda, sob o patrocínio de Ajatasatru, imperador de Magadha, tendo sido presidido por um monge chamado Mahakasyapa.
O concílio tinha como objectivo registar os ensinamentos orais do Buda (sutra) e codificar as regras monásticas (vinaya).
A Ananda, primo de Buda e seu discípulo, foi pedido que recitasse os discursos do Buda e outro discípulo, Upali, recitou as regras da vida monástica.
Estes dois elementos constituem a base do cânone pali, referência de ortodoxia em toda a história do budismo.
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O Segundo Concílio Budista (383 a.C.)
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O Segundo Concílio Budista foi convocado pelo rei Kalasoka, tendo decorrido em Vaisali, na sequência de conflitos entre escolas tradicionais do Budismo e um movimento de interpretação mais liberal conhecido como os Mahasamghikas.
Para as escolas tradicionais, o Buda tinha sido um ser humano que alcançara o estado de iluminação e este poderia ser facilmente alcançado pelos monges seguindo as regras monásticas.
Para os Mahasamghikas esta perspectiva era demasiado individualista e egoísta, propondo como verdadeiro objectivo o atingir do estado de budeidade.
Tornaram-se proponentes de regras monásticas menos rígidas, que pudessem apelar a um maior grupo de pessoas.
Os Mahasamghikas seriam rejeitados durante o concílio, tendo estes se fixado durante vários séculos no noroeste da Índia e na Ásia Central, como mostram as inscrições Kharoṣṭhī datadas do século I d.C. encontradas perto do rio Oxus.
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As cavernas Sattapanni de Rajgir serviram como local do Primeiro Concílio Budista.
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O proselitismo de Ashoka
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O rei máuria Ashoka converteu-se ao Budismo após a conquista brutal que empreendeu do território de Kalinga (hoje Orissa), no este da Índia. Arrependido dos horrores provocados pelo conflito, o rei decidiu renunciar à violência e propagar a religião budista construindo estupas e pilares nos quais se apela à renúncia de toda violência contra as pessoas e os animais.
Este período corresponde à primeira expansão do Budismo para fora da Índia. De acordo com os pilares e as placas deixados por Ashoka ("Éditos de Ashoka"), foram enviados missionários a vários territórios situado a oeste, como o reino greco-bactriano.
É também possível que estas missões tenham alcançado o Mediterrâneo, segundo inscrições em pedras deixadas por Ashoka.
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O Terceiro Concílio Budista (c. 250 a.C.)
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O Terceiro Concílio Budista foi convocado por Ashoka em Pataliputra (Patna) por volta de 250 a.C., tendo sido presidido pelo monge Moggaliputta.
O objetivo do concílio era tentar reconciliar as diferentes escolas budistas, purificar o movimento budista de facções oportunistas atraídas pelo patrocínio real e estabelecer as viagens de missionários budistas para todo o mundo.
O cânone pali (Tipitaka; em sânscrito Tripitaka, "os três cestos"), que compreende textos de referência do Budismo tradicional e que se considera ter sido transmitido pelo Buda, foi formalizado nesta ocasião.
É composto pela doutrina (Sutra Pitaka), pela disciplina monástica (Vinaya Pitaka) e por um novo corpo de textos de carácter filosófico (Abhidharma Pitaka).
As tentativas de Ashoka de purificar o Budismo acabaram por produzir uma rejeição de movimentos budistas emergentes. Após 250 a.C., a escola Sarvastivada (rejeitada pelo Terceiro Concílio, segundo a tradição Theravada) e a escola Dharmaguptaka tornaram-se influentes no noroeste da Índia e na Ásia Central até a época do império dos Kushana nos primeiros séculos da era comum.
A escola Dharmaguptaka caracterizava-se por acreditar que o Buda era um ser que estava separado e acima da comunidade budista, enquanto que a escola Sarvastivadin acreditava que o passado, o presente e o futuro coexistiam ao mesmo tempo.
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