sexta-feira, 15 de abril de 2011

Samsara

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Samsara (sânscrito-devanagari: संसार: , perambulação) pode ser descrito como o fluxo incessante de renascimentos através dos mundos.
Na maioria das tradições filosóficas da Índia, incluindo o Hinduísmo, o Budismo e o Jainismo, o ciclo de morte e renascimento é encarado como um fato natural. 
Esses sistemas diferem, entretanto, na terminologia com que descrevem o processo e na forma como o interpretam. 
A maioria das tradições observa o Samsara de forma negativa, uma condição a ser superada. 
Por exemplo, na escola Advaita de Vedanta hindu, o Samsara é visto como a ignorância do verdadeiro eu, Brahman, e sua alma é levada a crer na realidade do mundo temporal e fenomenal.
Já algumas adaptações dessas tradições identificam o Samsara (ou sa sâra, lit. "seu caminho") como uma simples metáfora.
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Samsara no Vedantismo
No Vedanta, o samsara tem o mesmo significado em diversas escolas, designando o ciclo da transmigração do atma em mundos materiais.
 Shankara, considerado o fundador das escolas modernas de vedanta, definia o samsara como sendo o caminho atemporal realizado pelo atma em avidya ou ignorância. 
Uma vez que vidya é alcançada através de jñana o conceito dual e egocêntrico de aham e mamata se esvai, o ciclo se extingue e o atma se funde no Brahman alcançando moksha.
Shankara argumentava que o karma-vamsana, ou o desejo de realizar atividades materiais do ego iludido é simplesmente devido à sua ignorância em ver-se diferente e com a identidade distinta do Brahman, com a destruição do sentimento de aham, o atma vê que ele também é o Brahman (aham brahmansmi; lit. “eu sou brahman”) e o samsara deixa de ter fundamento.
No vedanta e na maioria das diversas tradições hindus que se fundamentam no Vedanta, o ciclo de transmigração da alma, ou samsara, não é feito exclusivamente do passado para o presente, numa temporalidade linear como a concebida pela cosmologia Ocidental. 
O ciclo pode se deslocar para qualquer posição no espiral do tempo e, de acordo com as diferentes inferências feitas pelos sábios, em quaisquer Brahmandas, ou universos da criação material, e em quaisquer tipos de corpos, entre as 8,4 milhões de espécies transmigráveis, podendo haver evolução ontogênica ou filogência, nos dois sentidos: elevação e degradação; de semi-deus a larva, de planta a ser humano, e vice-versa. De fato, as possibilidades de transmigração são infinitas.
Alguns smritis tais como o Garuda Purana, o Padma Purana, o Vixnu-smriti, o Manu-samhita, o Vixnu-dharma-shastra e inúmeros outros textos clássicos do hinduísmo, podem ser considerados cânones da transmigração da alma, explicando em que situações a alma transmigra de onde para onde e por que.
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Samsara no Budismo Tibetano
É a perpétua repetição do nascimento e morte, desde o passado até o presente e o futuro, através dos seis ilusórios reinos: Inferno, dos Fantasmas Famintos, dos Animais, Asura ou Demônios Belicosos, Ser humano, dos Deuses e da Bem-Aventurança. 
A menos que se adquira a perfeita sabedoria ou seja iluminado, não se poderá escapar desta roda da transmigração, ou Roda da Samsara. 
Aqueles que estão livres desta roda de transmigração são considerados lamas, iluminados (ou budas, em sânscrito).
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Samsara como metáfora psicológica
À parte da cosmologia e mitologia tradicional de renascimento do corpo físico no budismo também pode-se compreender este ensinamento como o ciclo de morte e renascimento da consciência de uma mesma pessoa. Momentos de distração, anseios e emoções destrutivas são momentos em que a consciência morre para despertar em seguida em momentos de atenção, compreensão e lucidez.
 Nesta visão os agregados impuros, skandhas, são levados a diante para o momento seguinte em que a consciência toma uma nova forma.
A meditação budista ensina que por meio de cuidadosa observação da mente é possivel ver a consciência como sendo uma sequência de momentos conscientes ao invés de um contínuo de auto-consciência. 
Cada momento é a experiência de um estado mental específico: um pensamento, uma memória, uma sensação, uma percepção. 
Um estado mental nasce, existe e, sendo impermanente, cessa dando lugar ao próximo estado mental que surgir. 
Assim a consciência de um ser senciente pode ser entendida como uma série contínua de nascimentos e mortes destes estados mentais. 
Neste contexto o renascimento é simplesmente a persistência deste processo.
Esta explicação do renascimento como um ciclo de consciência é consistente com os demais conceitos budistas, como anicca (impermanência), dukkha (insafistatoriedade), anatta (ausência de identidade) e é possivel entender o conceito de karma como um elo de causa e consquências destes estados mentais.
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